No cenário do automobilismo, poucos carros de corrida ostentam um legado tão icônico e uma história tão rica quanto os veículos Mirage Gulf. Construídos pela John Wyer Automotive Engineering (JWAE) em Slough, Inglaterra, esses carros conquistaram renome mundial e deixaram uma incrível marca nas corridas internacionais de carros esportivos.
Neste artigo, vamos explorar a trajetória desses veículos, desde sua origem até suas vitórias lendárias nas 24 Horas de Le Mans.
Os carros de corrida Mirage Gulf: Como tudo começou
A história dos carros Mirage Gulf teve início em 1967, após a Ford encerrar o projeto do Ford GT40, abrindo espaço para uma nova era nas corridas de carros esportivos.
O Mirage M1 surgiu como uma resposta a essa mudança, baseando-se no chassi do GT40 Mk I, mas com modificações significativas. Surpreendentemente, nos testes preliminares, os Mirage M1 superaram em desempenho os próprios GT40, conquistando vitórias nos 1.000 quilômetros de Spa, na Suécia, Paris e Kyalami.
Ford Mirage M1
O Ford Mirage M1, equipado com o motor Ford GT40 V8, tornou-se um ícone do automobilismo. Não apenas conquistou a vitória memorável de Jacky Ickx e Dick Thompson nos 1.000 km de Spa-Francorchamps em 1967, mas também competiu nas 24 Horas de Le Mans, obtendo três pódios em cinco corridas, com um impressionante terceiro lugar em 1975.
O Mirage M1 desempenhou um papel significativo na história de Le Mans, estabelecendo-se como uma das poucas marcas independentes a triunfar na lendária corrida de resistência.
Mirage M2 e M3
Os modelos Mirage M2 e M3 representaram uma fase de evolução para a equipe Mirage. O M2, construído em 1968 com um motor BRM V12, teve desempenho discreto nas pistas.
O M3, revisado em 1969 e equipado com o motor Ford Cosworth DFV V8, marcou uma mudança na direção da equipe. No entanto, a Mirage concentrou seus esforços principalmente nas competições do Ford GT40 durante o período.
Mirage M4 e M5
O Mirage M4 surgiu em 1969 como um roadster, combinando o chassi do M3 com um motor Ford GT40 de 5 litros. No entanto, o desenvolvimento desse carro foi interrompido quando a JWAE fechou um acordo com a Porsche para utilizar o Porsche 917 na temporada de 1970.
Por outro lado, o Mirage M5 foi projetado como um monoposto para a categoria de corridas de Fórmula Ford em 1969, principalmente para atender a questões fiscais no Reino Unido. Embora o M5 não tenha alcançado destaque significativo nas corridas, ele representou uma solução pragmática para as obrigações fiscais da equipe.
Mirage M6
Após competir com os Porsche 917 nas temporadas de 1970 e 1971, a equipe Mirage desenvolveu o Mirage M6 em 1972 para competir no Grupo 5 do Campeonato Mundial de Marcas.
O M6 se destacou por seu chassi de alumínio reforçado e pelo motor Cosworth DFV de Fórmula 1. Esse carro conquistou uma vitória marcante nos 1.000 km de Spa-Francorchamps em 1973.
Mirage GR7
Em 1974, a equipe Mirage estreou o Gulf-Mirage GR7, refletindo o crescente patrocínio da Gulf, que existia desde 1967. O GR7 demonstrou consistência, subindo ao pódio em várias ocasiões, embora não tenha conseguido superar os concorrentes, como a Matra. Mesmo assim, a equipe Mirage alcançou o segundo lugar no campeonato de construtores no Mundial de Carros Esportivos.
Mirage GR8
O ano de 1975 foi um marco na história da equipe Mirage. Foi neste ano que o Mirage GR8 alcançou a vitória inesquecível nas 24 Horas de Le Mans, pilotado por Jacky Ickx e Derek Bell. Outro carro da equipe terminou em terceiro, com Vern Schuppan e Jean-Pierre Jaussaud. Essa vitória em Le Mans representou o ápice da parceria da equipe com a Gulf e provou a excelência do Mirage GR8 nas pistas.
O legado dos carros de corrida Mirage Gulf
A história dos carros de corrida Mirage Gulf é uma saga de inovação, paixão pelo automobilismo e sucesso nas pistas. Desde a sua origem com o Mirage M1 até a vitória histórica nas 24 Horas de Le Mans com o Mirage GR8, esses veículos conquistaram uma base mundial de fãs e continuam a inspirar entusiastas do automobilismo em todo o mundo.
Atualmente, os carros Mirage Gulf fazem parte da coleção especial da ROFGO, que se dedica a preservar a herança dos veículos que ostentam as cores icônicas da Gulf. O azul-celeste e o laranja, tradicionais da Gulf Oil, permanecem vibrantes na memória dos apaixonados por corridas e continuam em funcionamento perfeito, mantendo viva a história da parceria entre a Ford e a Gulf.
