É impossível abordar um esporte tão significativo quanto o automobilismo sem destacar os momentos históricos protagonizados por figuras femininas. Em um cenário predominantemente masculino, muitas mulheres enfrentaram adversidades e preconceitos para alcançarem seus objetivos nas categorias de velocidade, demonstrando talento e determinação.
Enquanto a percepção geralmente as limitava a papéis secundários, como meros adornos junto aos carros em Grandes Prêmios ou simples acompanhantes de seus parceiros influentes em eventos e corridas, nos bastidores, muitas mulheres superavam obstáculos inimagináveis.
Entre essas pioneiras, estão nomes, como Hazel Chapman, cofundadora da equipe Lotus de Fórmula 1 e piloto de corridas na segunda metade do século 20, e Virginia Williams, conhecida como 'Ginny', uma das principais responsáveis pela fundação da equipe Williams Racing ao lado de seu marido, Sir Frank Williams. No início da escuderia, Ginny chegou a vender seu único patrimônio, um apartamento em Londres, para investir no crescimento da empresa, que se tornaria uma das mais bem-sucedidas na história do automobilismo.
E para explorar mais a fundo o avanço das mulheres nos esportes a motor, preparamos um artigo repleto de informações, destacando o impacto e a resiliência de diversas profissionais que não apenas transformaram o esporte, mas também continuarão a moldá-lo em direção a um futuro mais inclusivo e igualitário.
Algumas das pioneiras do automobilismo
Apesar de existirem registros de corridas de automóveis desde 1860, a primeira participação feminina nesse cenário ocorreu décadas depois, especificamente em 1897. Na França, uma categoria pioneira reuniu mulheres para competir em um campeonato de 'Cadeiras Motorizadas', utilizando triciclos.
Entre as participantes, destacou-se o nome de Léa Lemoine, vencedora das três edições disputadas em Paris. A partir desse marco, as pilotos passaram a competir em diversas categorias, incluindo a Copa das Motos, inspirando outras mulheres a seguirem o mesmo caminho.
Na década de 30, outras mulheres ganharam destaque, desta vez nas 24 Horas de Le Mans, uma das competições mais respeitadas do automobilismo. Odette Siko e Marguerite Mareuse fizeram história ao formarem a primeira equipe totalmente feminina a competir na corrida, pilotando um Bugatti. Surpreendentemente, em sua estreia, a dupla alcançou o sétimo lugar na classificação geral. Odette ainda venceria a categoria 2 Litros dois anos depois, tornando-se uma das dez mulheres a vencer em Le Mans.
Na Fórmula 1, oito anos se passaram desde a estreia do esporte até a inclusão da primeira mulher no grid. Em 1958, Maria Teresa de Filippis conquistou um marco ao competir no GP da Bélgica, pilotando uma Maserati. Embora tenha largado em 19º lugar, seu desempenho impressionou ao terminar em décimo lugar, seu melhor resultado.
Após de Filippis, outras quatro mulheres tentaram a sorte na Fórmula 1, mas apenas uma delas conseguiu se classificar para disputar GPs: Lella Lombardi, que estreou no GP da Grã-Bretanha em 1974 pela equipe Brabham. Sua participação de destaque ocorreu na África do Sul, onde terminou em sexto lugar, conquistando pontos e sendo a única mulher a pontuar na Fórmula 1.
Na Fórmula Indy, outra categoria importante nos Estados Unidos, os holofotes são de Janet Guthrie, a primeira mulher a se classificar para as 500 Milhas de Indianápolis em 1977. Sua melhor performance ocorreu em 1978, quando, mesmo com o pulso fraturado, terminou a prova em nono lugar, a melhor colocação feminina nas 500 Milhas até os anos 2000.
O avanço e o legado feminino no esporte
Ao longo dos anos, o esporte tem se adaptado gradualmente à presença e à evolução das mulheres, embora muitas vezes de maneira relutante. No entanto, isso não as impediu de continuar a escrever sua própria história.
Um exemplo marcante é Michèle Mouton, que se destacou na lista das dez mulheres vencedoras de Le Mans mencionada anteriormente. Além de sua conquista em Le Mans, Mouton moldou sua carreira na categoria de rali. Competindo com seu Audi, ela conquistou o vice-campeonato na temporada de 1982 do Campeonato Mundial de Rali, sendo este o melhor resultado já alcançado por uma mulher em campeonatos mundiais de automobilismo.
A partir do ano 2000, uma nova geração de pilotos emergiu, alcançando resultados extremamente positivos em diversas categorias. Um dos grandes expoentes do automobilismo feminino é, sem dúvida, Danica Patrick. A norte-americana conquistou marcas impressionantes nas duas principais categorias do país: a Indy e a NASCAR.
Em suas sete temporadas na Indy, saiu vitoriosa na etapa do Japão em 2008, além de alcançar o terceiro lugar do pódio nas 500 Milhas de Indianápolis em 2009, a melhor posição de chegada de uma piloto na história da prova. Na NASCAR, Danica continuou a quebrar barreiras em 2013. Ela se tornou a primeira mulher a conquistar a pole na etapa mais importante da categoria, a Daytona 500.
Outra figura que construiu um legado de peso para as futuras gerações é Susie Wolff. Sua carreira como piloto é extensa, tendo disputado a Fórmula Renault Britânica e a DTM, antes de ser contratada em 2012 pela equipe Williams de Fórmula 1 como piloto de testes.
Pilotando os carros da Williams em quatro ocasiões em treinos livres, seu principal destaque ocorreu nos bastidores, auxiliando no desenvolvimento da equipe. Em 2015, Susie anunciou sua aposentadoria das pistas, mas não do automobilismo, já que em 2018 foi nomeada chefe da Venturi Racing, equipe que disputa a Fórmula E. Depois disso, virou diretora-executiva e viu sua equipe se tornar vice-campeã do campeonato de 2023.
Hoje, Susie é diretora da F1 Academy, categoria 100% feminina criada pela própria Fórmula 1 para formar jovens pilotos mulheres, além de ser fundadora da iniciativa "Dare to be Different" (Ouse ser Diferente, em português), voltada para a promoção da presença feminina no automobilismo. Um incentivo e tanto para que cada vez mais mulheres encontrem seus caminhos nesse nicho.
O presente e o futuro das mulheres nas corridas
Embora seja difícil prever com precisão as chances de as mulheres ocuparem os assentos nas categorias mais importantes do automobilismo, é inegável que o cenário do esporte está passando por grandes transformações.
Atualmente, diversas categorias contam com pilotos femininas no grid. Na Fórmula 3, temos Sophia Florsch; na Indy, Katherine Legge; na Indy NXT, categoria inicial da Fórmula Indy, temos Lindsay Brewer e Jamie Chadwick, integrante da Academia de Pilotos da Williams e vencedora por três vezes da W Series (categoria feminina antecessora da F1 Academy); e na Porsche Carrera Cup Brasil, Antonella Bassani e Letícia Bufoni.
Na F1 Academy, quinze pilotos formam o grid, representando algumas das grandes equipes da Fórmula 1 que já conhecemos:
Amna Al Qubaisi (Visa Cash App RB)
Maya Weug (Ferrari)
Lia Block (Williams)
Doriane Pin (Mercedes)
Tina Hausmann (Aston Martin)
Bianca Bustamante (McLaren)
Carrie Schreiner (Kick Sauber)
Chloe Chambers (Haas)
Abbi Pulling (Alpine)
Hamda Al Qubaise (Red Bull Racing)
Emely de Heus (Red Bull Ford)
Lola Lovinfosse (apoiada pela marca Charlotte Tilbury)
Aurelia Nobels (apoiada pela marca PUMA)
Nerea Martí (apoiada pela marca Tommy Hilfiger)
Jessica Edgar
Essas jovens promessas competirão em sete corridas ao longo do ano, coincidindo com os fins de semana de GPs da Fórmula 1, nos seguintes locais:
Arábia Saudita | Circuito de Jeddah-Corniche - 7/3 a 9/3
Miami | Autódromo Internacional de Miami - 3/5 a 5/5
Espanha | Circuito de Barcelona-Catalunha - 21/6 a 23/6
Holanda | Circuito de Zandvoort - 23/8 a 25/8
Singapura | Circuito urbano de Marina Bay - 20/9 a 22/9
Catar | Circuito Internacional de Lusail - 29/11 a 1/12
Abu Dhabi | Circuito de Yas Marina - 6/12 a 8/12
Com a representatividade das grandes montadoras e equipes de ponta da elite do esporte, estamos cada vez mais próximos de testemunhar a ascensão de nomes femininos em diversas divisões de velocidade ao redor do mundo.
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