No início de cada temporada de Fórmula 1, a expectativa dos fãs do esporte se volta para os lançamentos dos novos carros das dez equipes que disputam o mundial. Um dos aspectos que mais chama a atenção dos entusiastas é, sem dúvida, o visual dos carros, especialmente suas escolhas de pintura.
Embora as cores representem as equipes e sirvam para diferenciar cada carro no grid, elas também podem ser usadas em eventos comemorativos, GPs especiais ou para celebrar momentos históricos das escuderias. Além disso, as cores, muitas vezes, simbolizam os patrocínios das equipes, como exemplificado pela Williams nos FW45 em três etapas de 2023 ao pintar o carro com os tons de seu principal patrocinador, a Gulf Oil International, nas tradicionais cores azul-claro e laranja.
No entanto, a cada ano que passa, fica mais evidente que os carros estão se tornando menos coloridos, e isso não é coincidência. O que muitos podem não saber é que aquilo que parece ser uma pintura preta em boa parte do veículo é, na verdade, o próprio carbono, sem nenhuma cobertura. Mas por que as equipes estão deixando os carros cada vez menos pintados? É isso que vamos contar a você neste artigo. Confira.
Afinal, a pintura dos carros de Fórmula 1 pode influenciar no desempenho nas pistas?
Com as novas regulamentações técnicas da Fórmula 1 implementadas a partir de 2022, o preto na pintura dos carros começou a ganhar espaço. Com a reintrodução do efeito solo, que deixou os veículos muito mais pesados do que as gerações anteriores, a preocupação com o peso se tornou o principal foco das equipes, obrigando-os a reduzir o resultado da balança de qualquer forma possível e permitida.
Encontrar peças mais leves, construir estruturas menos pesadas e até mesmo remover parte da pintura dos carros são respostas viáveis. E por mais estranho que possa parecer, a pintura influencia na diferença de peso total do carro. Em corridas em que cada milissegundo conta, cada grama pode fazer, sim, a diferença.
Com limites de peso rígidos que as equipes devem seguir e com a FIA estabelecendo um peso mínimo para os carros, em 2023, o valor não poderia estar abaixo de 798 kg. Traçando o melhor objetivo para cada piloto, a equipe pode abastecer com até 110 kg de combustível, que somado ao peso do piloto, pode fazer o veículo pesar pelo menos 908 kg.
No entanto, as equipes podem optar por rodar com menos combustível do que isso, o que varia entre os circuitos, tipo de pista, desenho de traçado e até mesmo tipos de frenagem e zonas de aceleração.
Mesmo não existindo limite máximo para o peso de um carro de Fórmula 1, tudo o que uma equipe deseja é pesar o mínimo possível. Segundo estimativas, cerca de 35 milésimos de segundo são perdidos para cada quilo acima dos 718 kg. Portanto, cada quilograma aplicado no bólido significa perder tempo por volta.
Pintar toda a superfície dos carros custa, em média, seis quilogramas. Para um engenheiro, cujo único objetivo é projetar uma máquina vencedora, isso representa o excesso mais fácil de se livrar. Um exemplo extremo disso é o modelo W14 da Mercedes para 2023, praticamente mantido no carbono original.
Outra opção das equipes tem sido o uso de vinil para colorir seus carros. Mais leve do que a tradicional tinta, ele também oferece o benefício adicional de ser um revestimento simples, tornando mais fácil sua remoção para o caso de pinturas especiais, como o Bolder Than Bold, parceria da Gulf com a lendária Williams.
Por esses motivos, nas três últimas temporadas, foi possível notar o carbono natural tomando conta da parte inferior dos veículos, deixando alguns fãs desanimados, para este que costumava ser um momento de ansiedade para descobrir quais cores tomariam conta das máquinas velozes. Para ilustrar bem essas mudanças, confira as imagens dos últimos cinco modelos da Williams e compare.
Em 2020, o FW43 quase não possuía trechos sem tinta. Em 2021 e 2022, a pintura do FW43B e FW44 se mesclava com a parte inferior completamente preta, uma opção adotada pela equipe de Grove. Em 2023, boa parte do bico, da traseira e das asas se destacaram pela predominância de carbono, e em 2024, essa tendência se acentuou, com o carbono representando praticamente 50% do FW46. A grande incógnita que permanece é: como serão os carros daqui para frente? Apenas nos resta acompanhar de perto, não é mesmo?
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